A Lenda de Ys

Cidade Celta Engolida pelo Mar

Você também pode ouvir esse drops no miniplayer abaixo e nos apps de podcasts

Para ouvir o episódio basta apertar o play no miniplayer acima

Você também pode ouvir o episódio no Apple Podcasts, Spotify, Google Podcasts, Castbox e no Deezer além de demais agregadores de podcasts. Você também pode baixar o episódio clicando aqui

Assine: Apple Podcasts | Spotify | Google Podcasts | Castbox | Deezer Android | RSS


As regiões que compõem o atual território francês sempre foram marcadas por histórias lendárias. A Bretanha, em especial, serviu de palco para uma série de narrativas desse gênero. Localizada no noroeste da França, na região conhecida como Armórica, era um território independente até o século X. Posteriormente, foi incorporada ao reino francês, tornando-se um importante ducado. A região, juntamente com a Cornualha e Gales, passou a ser refúgio para os povos celtas que foram obrigados a deixar a Ilha da Grã-Bretanha devido às invasões anglo-saxãs.

Ys, a cidade submersa da Baia dos Mortos.

Ys foi uma esplêndida cidade construída é governada pelo rei Gradlon durante o século VI. Ela se localizava na baía de Douarnenez, a “baía dos mortos”, em uma região inundável durante a maré alta. Para protegê-la, foi construído um grande dique. Suas comportas eram acionadas por uma chave a qual apenas o rei tinha acesso. Uma das versões da história conta que todos ali viviam em paz e tranquilidade até que a filha de Gradlon começasse a degradar a cidade com sua dissolução. 

Por essa época, um homem santo chamado Gwenolé, advertiu o soberano que os excessos da princesa Dahud iria causar a destruição da cidade, o que de fato ocorreu. Atraído pelo comportamento pecaminoso, o diabo, disfarçado de cavaleiro, depois de conquistar Dahud, instigou-a a roubar a chave do pai e abrir as comportas. A água do mar imediatamente invadiu as ruas e as casas da cidade enquanto as pessoas dormiam. O único a acordar antes de Ys ser completamente submersa foi o rei com o auxílio do monge.

Durante a fuga, o cavalo do monarca tornava-se cada vez mais lento e estava muito próximo de ser engolido pelas ondas. O monge, que ia à frente em outra montaria, disse que aquilo estava acontecendo porque ele levava a filha consigo e que a única forma de se salvar, era deixando a princesa para trás. O rei exitou mas quando Gwenolé renovou o apelo, foi obedecido e imediatamente o cavalo de Gradlon saiu em disparada. Toda Ys estava sendo submersa pelo mar enquanto ambos atingiam terra firme. A lenda conta ainda que após cair nas águas, Dahud se transformou em sereia e que seu pai tornou Quimper sua nova capital. Dizem que, em dias de mar está calmo, ainda é possível ouvir o ressoar dos sinos da igreja de Ys…

A fuga do rei Gradlon de E. V. Luminais, 1884. Quimper, França

Interessante como a narrativa se assemelha com outras cidades que tiveram os mesmos destino devido aos erros cometidos por seus cidadãos. Sem sombra de dúvida, a mais famosa delas é a mítica Atlântida. Sua população também teria sido destruída pelo mar após atrair a ira dos deuses olimpianos. No caso de Ys, foi a corrupção trazida pelo comportamento da princesa, que atraiu o mal. A população, por fechar os olhos para tal fato, também contribuiu para o destino da cidade. Deus, por meio do figura do monge, permitiu ao rei que ele vivesse para se arrepender e tornar-se virtuoso.

É uma moral completamente alinhada à mentalidade da época que via o pecado da carne muito associado à figura feminina. Essa é uma questão muito abordada em vários documentos medievais que estabelecem regras de comportamento para elas. A mulher, sendo descendente direta de Eva – a figura bíblica que foi responsabilizada pelo pecado original e a subsequente expulsão do paraíso – deveria ser constantemente vigiada e contida, uma vez que o gênero feminino era mais frágil e maleável, sendo bastante suscetível a ser influenciado pelo mal. Por isso a necessidade de se manter a mulher sobre a tutela do pai ou marido. O imaginário medieval só começaria a modificar sua visão a respeito do feminino quando, já na Baixa Idade Média, o culto Mariano resgatasse e redimisse as mulheres.

A tentação de Eva, século XII, Autun, França.

Contato: medievalissimo@gmail.com

Conheça nossa campanha de financiamento contínuo

Entre em https://www.padrim.com.br/cliopodcasts e ajude a partir de R$ 1,00 mensais a manter esse projeto no ar e produzindo cada vez mais conteúdo acessível para todas e todos.

Você também pode nos financiar via PicPay! Se você tem um cashback sobre então porque não apoiar um projeto de comunicação e educação histórica.

Procura a gente lá em https://app.picpay.com/user/cliohistoriaeliteratura

Siga o Clio nas Redes Sociais!

Deixe um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.