Dragões

A Mais Perigosa das Serpentes

Você também pode ouvir esse drops no miniplayer abaixo e nos apps de podcasts
Para ouvir o episódio basta apertar o play no miniplayer acima

Você também pode ouvir o episódio no Apple Podcasts, Spotify, Google Podcasts, Castbox e no Deezer além de demais agregadores de podcasts. Você também pode baixar o episódio clicando aqui

Assine: Apple Podcasts | Spotify | Google Podcasts | Castbox | Deezer Android | RSS


Apesar de não ser original da Idade Média ocidental, um dos mitos medievais mais conhecidos é o dragão, esse reconhecimento e presença são tão fortes que não é incomum encontrar pessoas dispostas a acreditar que tais criaturas de fato existiram e sobrevoaram os castelos, catedrais e outros prédios do Ocidente medieval. Tal crença chega ao ponto de que já ocorreram produções televisivas que buscaram a “verdadeira origem” do mito. Ingenuidade talvez seja o epíteto mais leve que me ocorra nesse momento…

Drogon, o primogênito de Daenerys

O dragão era considerado a maior e mais perigosa das serpentes durante o período medieval, e por conta dessa associação com tal réptil ele também passa a ser ligado à figura de Satanás numa cristianização do folclore, movimento comum que pode ser observado, por exemplo, na associação de Jesus Cristo com o unicórnio.

Apesar do que podemos imaginar, durante a Idade Média a principal força do dragão não estava no seu sopro de fogo, que em algumas representações medievais o dragão nem possuía, e sim na sua cauda, era com ela que o dragão enfrentava seus inimigos, basicamente aprisionando-os e os sufocando. Seu inimigo natural, segundo a iconografia e o imaginário medieval, é o elefante.

Dragão descrito em miniatura no manuscrito Harley MS 3244, , Folio 59r, Anônimo, 1255-1652(c.), Inglaterra, Londres, British Library

O sopro de fogo que sai de suas narinas e da boca é visto pelos medievais como uma tentativa de iluminar os céus e assim atrair para si desavisados, ou aqueles desviados da fé em Cristo. Quando ele se utiliza desse recurso ele se faz parecer como um anjo do Senhor, mais uma vez mostrando a alegoria cristã de como Satanás é ardiloso e tenta corromper os bons cristãos. Outro elemento de associação entre os dragões e o tinhoso é a crista, vista como um símbolo para a coroa do Diabo, que ele utiliza com orgulho, por sinal.

Outro exemplo dessa cristianização do dragão se dá pelas hagiografias de são Jorge, talvez o uso cristão mais conhecido de um dragão que se tem notícia, onde o animal claramente faz o papel de Satanás e de suas provocações e tentações, e de santa Margarida, uma mártire virgem que depois de torturada por sua fé durante o reinado de Diocleciano teria sido confrontada por um dragão em sua cela, e esse teria desaparecido quando ela fez o sinal da cruz. Em algumas versões ela foi engolida e conseguiu sair de dentro da barriga draconiana ao fazer o sinal da cruz saindo ilesa de tal cavidade.

Diversos autores, medievais ou não, se utilizaram da figura do dragão para ilustrar alguma moralidade, como por exemplo Plínio, o Velho, que em seu Naturalis Historia nos conta que os dragões são naturais da Índia e que eles poderiam engolir todo o sangue de um elefante em único gole, ou Isidoro de Sevilha, um dos maiores teólogos do período medieval, que descreve o dragão como o maior e mais perigoso dos animais em sua Etymologiae, ou o escolástico Bartholomaeus Angelicus que dedicou algumas linhas de ser fantástico em seu De Proprietatibus Rerum.

O mito do dragão foi se dessacralizando ao longo dos séculos, e apesar de ser uma imagem viva quando pensamos em Idade Média, principalmente nos reinos da fantasia e do imaginário, seu sentido é outro nos dias que correm agora. Jorge Luís Borges faz uma leitura interessante do mito em seu O Livro dos Seres Imaginários. Na literatura de fantasia cabe destacar Smaug, presente n’O Hobbit, de J.R.R. Tolkien, assim como a utilização de  George R.R. Martin como um elemento de desequilíbrio no jogo dos tronos em Uma Canção de Fogo e Gelo. Ainda podemos encontrar a figura e o mito do dragão em diversos videogames e RPGs, aliás é até esperado quando se trata de fantasia medieval que esses seres apareçam. Afinal, quem nunca, em uma partida de D&D, tentou atacar um dragão utilizando apenas um arco, meia dúzia de flechas e uma lança, não é mesmo?

Smaug, o Terrível, em versão de David Demaret

Muito das informações desse texto foram retirados do site The Medieval Bestiary, onde você encontra textos e imagens sobre as mais diversas bestas medievais. Vai lá conferir http://bestiary.ca/index.html


Contato: medievalissimo@gmail.com

  • Texto: Bruno Rosa
  • Edição de Áudio: Bruno Rosa
  • Capa: Bruno Rosa

Visite a Livraria da Musa no link www.bomdelivros.com.br/livraria-musa/

Pix: cliohistoriaeliteratura@gmail.com

Conheça nossa campanha de financiamento contínuo

Entre em https://apoia.se/cliopodcasts e ajude a partir de R$ 1,00 mensais a manter esse projeto no ar e produzindo cada vez mais conteúdo acessível para todas e todos.

Você também pode nos financiar via PicPay! Se você tem um cashback sobre então porque não apoiar um projeto de comunicação e educação histórica.

Procura a gente lá em https://app.picpay.com/user/cliohistoriaeliteratura

Siga o Clio nas Redes Sociais!

1 comentário Adicione o seu

Deixe um comentário

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.