Imperatriz e Senhora dos Ingleses
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Rainha, imperatriz, mãe, guerreira, vários são os predicados que podem ser atribuídos a Matilde da Inglaterra. Filha de Henrique I, rei da Inglaterra e duque da Normandia, e sua primeira esposa, Matilda da Escócia, nasceu provavelmente em 7 de fevereiro 1102, possivelmente em Winchester ou Sutton Courtenay e faleceu no dia 10 de setembro de 1167, em Rouen, seus restos mortais se encontram na Catedral de Rouen.

Mulher forte, com uma personalidade singular e um tato político único, Matilde passa a sua vida como senhora de si mesmo, não aceitando os papéis postos para ela por terceiros. Viveu no reino da Germânia, parte do Sacro-Império Romano Germânico, após seu casamento Henrique V, com quem iria dividir a vida e o poder até a morte dele em 1125. Ele atuando como imperador ela como regente do reino da Itália, onde fora coroada em 1116 na Basílica de São Pedro.
Em 1120 acontece um dos episódios chave para a vida de Matilde: o naufrágio do White Ship, que carregava seu irmão mais novo, e herdeiro do trono inglês, William Adelin, o que geraria uma crise sucessória após a morte de Henrique I, a guerra civil conhecida como A Anarquia.
O conflito explode depois que seu primo Estevão de Blois, apoiado pela Igreja Católica, usurpa o trono em detrimento de sua reivindicação mais forte por conta da primogenitura e ascendência direta. Precisamos salientar que os barões normandos a princípio não apoiam nem Estevão nem Matilde, o que agrava ainda mais o conflito.
Matilde, então casada com Godofredo V, conde do Anjou, resolve invadir a Inglaterra, tendo apoio do rei David I da Escócia, e de seu meio-irmão Roberto FitzRoy, 1º Conde de Gloucester. As forças de Matilde e Estevão se enfrentam na Batalha de Lincoln, onde Estevão cai sobre cativeiro de Matilde, que se coroa rainha da Inglaterra.

Aqui cabe lembrar que no inglês medieval não existia palavra para “rainha”, existindo apenas “lady” para designar a rainha consorte, então por conta disso, e pelo fato de ter carregado contigo esse título, Matilde adota o título de Imperatriz e Senhora dos Ingleses.
A guerra então chega num impasse quando Roberto cai capturado para as forças de Estevão, que controlava as terras do sudeste e centro da Inglaterra, enquanto Matilde controlava a Normandia e as terras do sudoeste inglês. O restante do reino, principalmente no norte, estava nas mãos de barões independentes. A guerra chega ao fim quando Matilde e Estevão asseguram um acordo no qual Estevão é coroado rei da Inglaterra e Henrique, filho de matilde com Godofredo V, é apontado seu herdeiro e sucessor.
Com o acordo Matilde se retira para a Normandia, onde passa a se preocupar com a administração local e servir como uma espécie de regente para seu filho, além de lhe dar conselhos políticos, principalmente na sua querela com Tomás Beckett.
Matilde morre em 1167 após ter vivido uma vida política, guerreira e piedosa, é reconhecida sua obra de caridade principalmente ajudando a fundar mosteiros da Ordem de Cister, se tornando assim uma figura completa e exemplar de seu tempo. A história de Matilde nos ensina que a mulher medieval, principalmente da Idade Média Central, desempenha um papel complexo de interpretação histórica e historiográfica, sempre escapando dos paradigmas impostos principalmente pela interpretação whig da história e a historiografia romântica do século 19.

Contato: medievalissimo@gmail.com
- Texto: Bruno Rosa
- Edição de Áudio: Bruno Rosa
- Capa: Bruno Rosa
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