
Paulo Freire foi um nome importantíssimo na história da educação brasileira. Nascido em Recife, no ano de 1921, o autor ainda é, mesmo depois da sua morte, lembrado e considerado por diversos países que são referência em Educação. Freire é o Patrono da Educação Brasileira, e seus estudos a respeito de uma Educação crítica são reconhecidos e usados em todo o mundo. Sua principal obra é o livro “Pedagogia do Oprimido”, uma das obras mais citadas em trabalhos acadêmicos da área de ciências humanas ao lado de livros como Vigiar e Punir, de Michel Foucault, e O Capital, de Karl Marx.
Apesar de seu livro mais famoso ser Pedagogia do Oprimido, a ideia desse texto é convencer que a melhor obra para se começar a ler Paulo Freire é Pedagogia da Autonomia, livro pelo qual iremos discorrer neste breve texto. Em Pedagogia da Autonomia, Freire sintetiza com competência parte de sua teoria, pensando numa educação crítica, que faça jus a um modelo democrático e chegue a todas as pessoas, ensinando-as a ter um pensamento crítico da realidade material.
O livro tem como subtítulo “Saberes necessários à prática educativa”, o que já nos dá uma ideia do que se trata este que vos fala. Pedagogia da Autonomia foi publicado no ano de 1996, 28 anos depois de Pedagogia do Oprimido, e também o último título publicado pelo autor em vida. Algumas obras foram publicadas postumamente.
“Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender. Quem ensina ensina alguma coisa a alguém. É por isso que, do ponto de vista gramatical, o verbo ensinar é um verbo transitivo relativo. Verbo que pede um objeto direto – alguma coisa – e um objeto indireto – a alguém. Do ponto de vista democrático em que me situo, mas também do ponto de vista da radicalidade metafísica em que me coloco e de que decorre minha compreensão do homem e da mulher como seres históricos e inacabados e sobre que se funda a minha inteligência do processo de conhecer, ensinar é algo mais que um verbo transitivo relativo. Ensinar inexiste sem aprender e vice-versa, e foi aprendendo socialmente que, historicamente, mulheres e homens descobriram que era possível ensinar. Foi assim, socialmente aprendendo, que ao longo dos tempos mulheres e homens perceberam que era possível – depois, preciso – trabalhar maneiras, caminhos, métodos de ensinar.” pp. 25-26
O livro é dividido em três grandes capítulos: 1. Prática docente: primeira reflexão; 2. Ensinar não é transferir conhecimento; 3. Ensinar é uma especificidade humana. Em todos se dará uma reflexão quanto ao estudo-aprendizagem, e também retoma algo que é central em sua teoria a respeito do ensino: a educação bancária. Freire nos diz que, ao ensinar, não devemos apenas passar conteúdos a fim de haver uma acumulação dos mesmos para o estudante. O estudante precisa ter uma visão crítica da situação, precisa entender o que se dá com esses conteúdos para serem esses, e trazer isso à vida deles. Freire também vai nos provar como o ato de ensinar é algo inteiramente humano, e como isso é muito bonito.

Paulo Freire foi, e ainda é, primordial para a educação brasileira e mundial. E, mesmo em tempos sombrios como os que estamos vivendo, é necessário seguir trabalhando e fazendo o melhor para que tenhamos uma educação emancipatória, sem usar dos alunos apenas como bancos, em que depositamos determinado conteúdo sem análise crítica de suas próprias realidades.
“É impossível, na verdade, a neutralidade da educação. E é impossível não porque professoras e professores ‘baderneiros’ e ‘subversivos’ o determinem. A educação não vira política por causa da decisão deste ou daquele educador. Ela é política. Quem pensa assim, quem afirma que é por obra deste ou daquele educador, mais ativista que outra coisa, que a educação vira política não pode esconder a forma depreciativa como entende a política. Pois é na medida mesma em que a educação é deturpada e diminuída pela ação de ‘baderneiros’ que ela, deixando de ser verdadeira educação, passa a ser política, algo sem valor.” p. 108

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