
Em 1903, a cidade de Barbacena presenciava a fundação de um novo hospital – o Hospital Colônia de Barbacena. De sua fundação até o fechamento em meados da década de 1980, acredita-se que mais de 60 mil pessoas tenham morrido por conta das péssimas condições e políticas de saúde do hospital psiquiátrico.
Sua capacidade de 200 leitos não impediu que em 1961 chegasse a ter 5.000 “pacientes” internados. As denúncias ao hospício passavam por receber pessoas que não tinham doenças mentais (como indigentes, alcoólatras, mães solteiras, LGBT’s, andarilhos e crianças abandonadas) e compunham mais de 70% dos ocupantes; trabalho escravo; privação de camas e alimentação; tortura; estupro; tráfico de corpos e diversas outras barbáries.
Apesar disso, as denúncias na imprensa ao longo das décadas não surtia efeito nas políticas adotadas no Hospital. Seria apenas em 1979, quando o psiquiatra italiano Franco Basaglia chamou o lugar de “campo de concentração nazista” e com a pressão de médicos psiquiátricos que, finalmente, o local foi fechado. Os poucos residentes que sobreviveram foram transferidos para abrigos, casas de repouso e residências terapêuticas.
O que aconteceu no Hospital Colônia de Barbacena ainda é uma ferida aberta, e mais uma prova de que precisamos conhecer o passado para entender o presente. A Reforma Psiquiátrica brasileira e a luta antimanicomial surgem, justamente, no momento de debate sobre as condições das instituições que abrigavam e, infelizmente, ainda existem e abrigam esses pacientes – com o consentimento do Estado.
Indicações de leitura e documentários:
Em Nome da Razão. Helvécio Ratton, 1979. (documentário)
Exposição Fotográfica Saúde Mental: Novo Cenário, Novas Imagens. Programa De Volta Para Casa. Cartilha de Monitoria. Ministério da Saúde, 2009.
Holocausto brasileiro. Daniela Arbex, 2013.
Holocausto brasileiro. Daniela Arbex, 2016. (documentário)
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