Maria do Anjou: Rei da Hungria | Hoje Na História

17 de Setembro de 1382

Se você acompanha o Medievalíssimo, o podcast aqui da casa dedicado à história medieval, já sabe que uma das características mais complexas a ser entendidas do período é sua relação com as mulheres. A mulher medieval é, ao mesmo tempo, Eva e Maria: o profano e o sagrado. Essa relação fica evidente das mais diversas formas, ao mesmo tempo em que mulheres são proibidas pela Igreja de ministrar os sacramentos e oficiar as missas – o que permanece até hoje, por sinal – as mulheres eram alvo de devoção e exempla nas figuras das mais diversas santas e do culto mariano.

Para entender essa misoginia precisamos entender a chamada lei sálica: conjunto de leis francas adotadas por Clovis I que, entre outros assuntos, assegurava a primazia da primogenitura masculina na linha de sucessão dos monarcas na cristandade. Mas como decidir quem herdaria o trono caso o rei tivesse apenas filhas?

Foi o caso quando Luís I, o Grande, rei da Hungria, da Croácia e da Polônia morreu em 1382. Casado duas vezes, com Margarida da Boêmia e Isabel da Bósnia, teve três filhas: Catarina da Hungria, Maria da Hungria e Edviges da Polônia. Caterina morreu aos 8 anos, e a herança então passa para Maria e Catarina, e numa ação de Isabel da Bósnia o reino então é divido entre as filhas: Maria reinaria sobre a Hungria e Croácia, e Catarina sobre a Polônia.

Fato interessante é que, obviamente, os nobres húngaros eram contrários a uma mulher reinar e Maria fora coroada em 17 de setembro de 1382 com o título de “rei da Hungria e da Croácia”. Fato que pode parecer estranho, muito por conta da língua – alô, Babel, vocês poderiam fazer um episódio sobre o húngaro – mas Matilda da Inglaterra, herdeira de Henrique I, foi coroada como “Lady” porque no inglês medieval a palavra “queen” (rainha) tinha um sentido mais de acompanhante do rei, algo como monarca consorte, do que propriamente governante.

Apesar de coroada Maria teve muito poder em mãos, afinal durante seu reinado o governo foi mais exercido pela mãe na forma de regente, depois por Carlos II da Sicília, que basicamente deu um golpe de estado apoiado pela baixa nobreza húngara, e por último por seu marido, Sigismundo de Luxemburgo, que além de rei da Hungria e da Croácia, também foi rei da Alemanha, da Boêmia e imperador do Sacro-Império Romano-Germânico.


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