D. Dinis I de Portugal, o Mestre Trovador

As realizações de um dos monarcas mais engenhosos de Portugal


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Nascido na cidade de Lisboa em 1261, D. Dinis tornou-se rei aos 17 anos. Com a morte de seu pai, Afonso III, apesar de ser maior de idade, houve uma tentativa de estabelecer uma regência na qual sua mãe Beatriz de Castela assumiria o trono. O jovem monarca, no entanto, rejeitou qualquer tentativa de interferência e, valendo-se de seu direito incontestável, foi coroado rei de Portugal e Algarves. Sua administração durou 46 anos e foi considerada muito próspera e estável.

Notação musical das cantigas de D. Dinis. Pergaminho Sharrer, Torre do Tombo

D. Dinis é considerado o primeiro monarca português realmente letrado. Isso se deve, não somente por assinar seu nome completo, o que não era comum, como também, apreciava muito às artes, principalmente a literatura trovadoresca. Ele próprio foi um dos grandes compositores da época, escrevendo diversas cantigas de amor, amigo, maldizer e escárnio. Aquelas que sobreviveram ao tempo, 137 no total, estão reunidas no Cancioneiro da Biblioteca Nacional. Todos elas escritas em galego-português, favorecendo assim, uma unificação linguística do país. D. Dinis tornou oficial o idioma em 1290.

Durante seu reinado, além do patrocínio às artes, o rei também apoiou a organização de uma instituição educacional fundada pelo futuro bispo de Évora, Domingos Anes Jarde, onde se ensinava para membros do clero Jurisprudência, Teologia, Gramática, Lógica e Medicina, servindo de hospital para os pobres e residência para estudantes. Posteriormente, com a intermediação e a anuência do papa Nicolau IV, D. Dinis criou, no mesmo ano de 1290, o Estudo Geral em Lisboa, onde Artes, Direito Civil, Direito Canônico e Medicina eram ensinados. Posteriormente, recebeu o nome de Universidade de Coimbra, ativa até hoje, sendo considerada umas das mais conceituadas instituições de ensino do mundo.

Símbolo da Ordem de Cristo.

D. Dinis também foi um dos únicos monarcas a proteger e estimular a criação de novas Ordens Militares. Quando em 1307 o então papa Clemente V foi pressionado por Felipe IV da França para tomar medidas extremas contra a Ordem do Templo, confiscando bens e criminalizando seus membros, o monarca português, obrigado a obedecer ao decreto papal, tentou proteger os templários, permitindo que esses tivessem tempo para fugir. Mantendo os bens da ordem sob a gestão da coroa, conseguiu em 1319, que o papa João XXII autorizasse a criação da primeira ordem militar portuguesa (Ordem de Cristo), para a qual foram admitidos antigos associados da ordem extinta e o patrimônio dos templários foi a ela concedida.

Muitas outras realizações ocorreram durante seu governo. Podemos citar: o estabelecimento das fronteiras com Leão e Castela; a aliança com Aragão após seu casamento com a infanta Isabel; a mediação de conflitos entre os reinos vizinhos, demonstrando sua habilidade como diplomata. Conseguiu também equilibrar os interesses da coroa, ora favorecendo o clero, ora nobreza; promulgou leis que protegiam as classes mais pobres contra abusos e extorsão; investiu na redistribuição de terras, fundado comunidades rurais que trabalhavam em terras incultas, gerando, a médio prazo, um grande excedente produtivo; estimulou tanto o comércio interno – ampliando o número de feiras – quanto externo – estabelecendo acordos comerciais com Inglaterra, Flandres e as nações ibéricas.

D. Dinis de Portugal. Iluminura do século XVI

Uma das características mais marcantes de seu governo foi a centralização do poder público, indo na contramão da tendência da época. No feudalismo descentralização política era comum, o que resultava em uma maior influência e relevância da nobreza no cenário europeu medieval. D. Dinis, por meios de inquirições, mantinha a aristocracia portuguesa sob controle. Foi exatamente por essa característica que parte da nobreza, valendo-se da preferência do monarca por seu filho bastardo Afonso Sanches, instigou o infante D. Afonso, próximo na linha de sucessão, a iniciar um conflito com o pai, deflagrando uma guerra civil que duraria 5 anos. No ano seguinte ao estabelecimento da paz entre pai e filho, D. Dinis morria aos 63 anos.


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