Robin Hood

O Rei dos Fora-da-Lei

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Diversas personagens do período medieval estão na área cinza entre o mito, a literatura e história. Essa é uma característica típica do período, afinal a ideia de literatura e história muitas vezes se confundiram entre os séculos 5 e 15, em muitos casos a literatura era tomada como história, a história como mito e o mito como literatura, e esses três conceitos se entrelaçando profundamente. Um dos melhores exemplos – se não o melhor dessa relação – é o de Arthur, rei dos bretões, responsável por expulsar os romanos de Albion, ou um legionário romano que toma o poder quando os romanos abandonam a Bretanha, ou ainda um rei galês que expulsa os invasores anglo-saxões. Isso apenas para ficar no campo da história, nem ousamos nos aventurar nos campos míticos e literários…

O ator Kevin Costner dando vida a Robin Hood no longa Robin Hood: O Príncipe dos Ladrões (1991)

Outro exemplo que encapsula essa relação é de outro notável habitante das ilhas britânicas: Robin Hood, ou Robin de Locksley, ou Robin de Sherwood, a escolha do nome varia de acordo com o tempo e com quem conta a história. Se de fato uma personagem histórica, Robin Hood teria vivido no norte do que hoje é a Inglaterra, em Nottinghamshire, no século 13, porém o rei dos fora-da-lei irá aparecer na literatura apenas no século 15, ou 16, em baladas dedicadas aos seus feitos e sua vida. Já no 14 Robin Hood aparece no famoso poema Piers Plowman, de William Langland.

Esse é um personagem único e fascinante do imaginário medieval, seja por acrescentar um dos elementos mais simbólicos na literatura medieval tardia, a floresta, elemento que será recuperado, por exemplo, pelos Irmãos Grimm e seus contos de fadas como elemento sobrenatural. Seja por conta de sua postura anti-cavalaria: apesar de (suposta) origem no seio da nobreza inglesa, Robin Hood não utiliza armadura, cavalo e espada, ele é o herói do arco, do gibão de couro e do chapéu emplumado, o herói que luta coletivamente pelos mais fracos e oprimidos.

Litogravura inglesa sem autoria e sem data retratando Robin Hood e Maid Marian

Diferentemente dos heróis cavaleirescos, como Tristão, Arthur, Ricardo Coração-de-Leão e Filipe II, Robin Hood luta pelo seu povo, pelo povo da floresta, por aqueles que tiveram que penetrar profundamente nesse cenário assustador e fascinante para fugir das injustiças, representadas nas baladas na figura do Xerife de Nottingham. Enquanto os cavaleiros lutam pela manutenção do status quo nosso herói luta pelos oprimidos, “roubando” – alguns mais ousados podem dizer que ele estava justiciando ou distribuindo a riqueza – dos ricos e alimentando, vestindo os mais pobres. Seria Robin Hood um proto-revolucionário marxista-leninista na Inglaterra dos Plantageneta? Fica a provocação…

Outra singularidade de Robin de Locksley se dá pelo fato por ser um herói social e não um indivíduo que luta contra os infiéis em nome da fé verdadeira. Os Merry Men (Companheiros Felizes, em tradução livre do inglês) formam uma parte importante do mito de Robin Hood, é neles que se encontram boa parte da singularidade desse mito. A composição do bando varia de acordo com a balada, porém dois companheiros estão sempre presente: Little John, seu mais fiel companheiro, e Frei Tuck, um monge beberrão e protestador. Esses dois elementos nos mostram a faceta popular do mito.

Robin Shoots with Sir Guy, ilustração, Louis Rhead (1912), “Bold Robin Hood and His Outlaw Band: Their Famous Exploits in Sherwood Forest“. Nova York (EUA)

A lenda de Robin Hood viveu e vive forte, de Shakespeare em As You Like It, passando por Walter Scott em Ivanhoé, passando pelas mais diversas eras do cinema hollywoodiano, eternizado por Douglas Fairbanks, Errol Flynn, Sean Connery, Kevin Costner, entre outros tantos atores, passando pelos quadrinhos, onde vai inspirar a criação de pelos menos um super herói clássico, o Arqueiro Verde, e desenhos animados, a versão Disney do mito no longa de 1973 me é particularmente sentimental, além de videogames e jogos de tabuleiro.

Robin Hood, em sua essência, é uma lenda, um mito, uma personagem que nunca morreu, desapareceu ou fora esquecido. A ideia de um herói que abandona o seu status social, seja por perseguição política, seja por ter ido lutar a Cruzada, e resolve fazer justiça social, reparando os erros e injustiça, permanece no imaginário do tempo presente, quase na mesma forma que Arthur permanece como a ideia de rei, ou governante, justo e honrado.



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4 comentários Adicione o seu

  1. Fernanda Nogueira de Oliveira disse:

    Bem interessante, e articulado no meio da história.

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