A terceira parte da jornada pela cosmologia medieval
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O terceiro livro da Divina Comédia está diretamente associada a visão de céu medieval, bastante divulgada pela Igreja. Mais uma vez, Dante se inspirará na teologia tomista e na concepção cosmológica ptolomaica. Segundo a visão da época, o paraíso se encontraria acima da Terra, sendo composto por elementos etéreos, quintessênciados. Naquele momento, os estudos astronômicos estavam ainda muito associados ao misticismo. Para os medievos, o espaço terrestre representava o centro do universo e todos os astros conhecidos até então (Lua, Mercúrio, Vênus, Sol, Marte, Júpiter e Saturno), bem como as estrelas, estavam fixos, formando círculos concêntricos. Essa teoria ficou conhecida pelo nome de geocentrismo.

Existia no firmamento, uma região responsável pela movimentação desses círculos concêntricos que foi chamada na Divina Comédia de Primum Mobile. Essa ação era explicada pela Teologia como sendo realizada pela vontade de Deus. Pensando nisso, Dante cria sua ideia de Paraíso organizando-o em nove esferas, onde os bem-aventurados estariam distribuídos seguindo maior ou menor nível de pureza espiritual. O interessante é que essa diferenciação entre as almas, não as impediam de conviver diretamente com Deus e transitarem por onde quisessem, o que passa a noção de que ali não havia privilegiados nem limitações.
Se no Inferno e no Purgatório os mortos eram divididos de acordo com os pecados cometidos – soberba, inveja, ira, preguiça, avareza, gula e luxúria – no Paraíso, a disposição está ligada às virtudes cardeais (justiça, temperança, prudência, fortaleza) e às virtudes teologais (esperança, fé e caridade). Dante associou cada um desses nove níveis a uma ordem angélica, ou seja, cada parte da estrutura do céu era comandada por um coro de anjos, seguindo a hierarquia proposta por Pseudo-Dionísio. Nela os anjos estariam divididos em três esferas: os servos celestes, os governadores celestes da criação e os guias celestes, protetores e mensageiros.
Seguindo em frente em sua jornada, Dante, ao adentrar os domínios do Paraíso Terrestre, é recepcionado pela resplandecente Beatriz, amor de sua juventude. Ela será sua nova guia e mostrará os mistérios que se abrigam no Paraíso. Muitos estudiosos da obra, apontam que se Virgílio representava a razão, Beatriz representa a teologia, ou seja, para se compreender o divino é necessário sabedoria e sensibilidade.
Nos três níveis mais próximo da Terra estão aqueles que possuem alguma deficiência moral. Assim, a primeira esfera visitada é a Lua. Ali ficam os que foram inconstantes durante a vida. São almas que quebraram seus votos e por isso demostraram não ter a virtude da fortaleza completamente desenvolvida. Na segunda esfera, Mercúrio, estão todos aqueles que fizeram o bem, mas sendo ambiciosos e desejosos de fama, comprometeram sua virtude ligada à justiça. Já em Vênus, próximo nível, aparecem os que eram deficientes de temperança.

A partir do quarto nível, todas as almas representam exemplos virtuosos. Os prudentes estão no círculo do Sol. Eles representam os sábios que iluminaram a Terra com seus ensinamentos. Logo após, a esfera de Marte, é o local onde estão todos os guerreiros que lutaram em nome de Deus, sendo exemplos de fortaleza. A sexta esfera visitada é a de Júpiter. Encontram-se ali os grandes governantes, aqueles que se associaram à justiça. O sétimo nível, Saturno, pertence a todos os contemplativos.
O próximo nível é os das estrelas fixas. Neste lugar, São Pedro testa a fé de Dante, enquanto, São Thiago questiona sua esperança e São João Batista confirma sua caridade. Ele também vê Maria e todos outros santos. A última esfera do mundo físico, corresponde ao Primum Mobile, onde moram os anjos. É o local que movimenta todo o céu e Beatriz conta a Dante os segredos do universo.
Dante é então levado a um local além do mundo físico, chamado Empíreo. Deus reside ali. Envolto em luz, o peregrino agora está apto para ver a divindade. Beatriz, mais bela e iluminada, deixa Dante e se dirige para ocupar seu lugar em uma das pétalas de uma esplendorosa e gigantesca rosa. São Bernardo assume como o novo guia do poeta e descreve a rosa mística e seus ocupantes. Por fim, Dante contempla Deus face a face, e tenta compreender a mistério da Trindade.

Contato: medievalissimo@gmail.com
- Texto: Bruno Rosa
- Edição de Áudio: Bruno Rosa
- Capa: Bruno Rosa
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