A segunda parte da jornada pela cosmologia medieval
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O segundo livro da Divina Comédia conta os eventos ocorridos com Dante e Virgílio durante suas estadias no reino do Purgatório. Interessante destacar que esta é a parte da obra em que o autor precisou de grande criatividade para escrevê-la. Ao contrário do Inferno e do Céu, locais bastante discutidos pelo Teologia Medieval e, portanto, amplamente arraigados no imaginário coletivo, o Purgatório era um local bastante desconhecido para grande parte da população da época. A Igreja havia estabelecido a ideia desse lugar intermediário da vida pós-morte não muito tempo antes da composição da obra.

Até o século XII, a Igreja pregava que essencialmente os bons deveriam herdar o Reino de Deus e que, em contrapartida, todos aqueles que eram maus deveriam queimar nas profundezas infernais, ou seja, tanto para uns como para outros era uma situação definitiva. Havia, no entanto, aqueles que não eram nem uma coisa nem outra, estando em uma categoria intermediária. Essas almas não podiam ser admitidas em nenhum dos dois lugares, necessitando purgar seus débitos. A partir dessa concepção, começou a ser gestada a ideia de um local onde os mortos poderiam ir para saudar suas dívidas, sendo assim, passíveis de serem salvos.
Dante, ao construir as imagens de seu purgatório, auxiliou a concluir uma visão sublime desse reino de tormentos, mas também de esperança, onde as almas aguardariam por seu futuro de bem-aventuranças. Para tanto, o poeta criou um lugar ao nível da terra, sob o céu estrelado. Uma montanha, guardada pelo rio Tibre, localizada no hemisfério sul. Ao contrário do Inferno, com seus portões enormes, o reino do Purgatório possui uma porta estreita, na qual só podem ser admitidos aqueles que realmente buscam a redenção. O lugar é formado pelo ante-purgatório, por sete círculos ou cornijas sobrepostas – onde os mortos purgaram os sete pecados capitais – que avançam em direção ao Paraíso Terrestre, localizado no cume da montanha.
Essa divisão do Purgatório está associada ao conceito de Amor enquanto representante do Bem. Dante organiza os pecados de forma que eles se apresentem como: a ausência do Amor, a indiferença ao Amor e o excesso de Amor. Conforme a alma vai subindo a montanha e passando pelas cornijas, elas vão se purificando e se sublimando por meio da expiação, da reflexão e do arrependimento, restaurando dentro delas o verdadeiro Amor e dessa maneira, tornando-se dignas do Paraíso prometido.
Depois de saírem para e superfície e chegar aos pés da montanha, os dois peregrinos encontram com aqueles que não têm permissão para entrarem no Purgatório. São almas ou excomungadas, ou que se arrependera tardiamente de suas ações, ou que davam importância demais às coisas do mundo. Ali elas devem permanecer o tempo determinado, esperando…

Após passar pelos três degraus que atestam sua humildade e vontade de seguir os preceitos de Deus, Dante é marcado pelo anjo guardião da primeira cornija, recebendo em sua testa sete “P”s. Conforme o espírito vai subindo, eles são apagados.
O primeiro círculo é destinado ao pior dos pecados: a soberba. Ali os que estão em expiação devem se manter em constante movimento, carregando pesos enormes. O segundo círculo é destinado aos invejosos. Eles se vestem com pano de saco e têm suas pálpebras costuradas com arame. No próximo círculo são punidos os que foram acometidos pela ira, vagando por uma densa fumaça. A quarta cornija marca o meio do caminho. Todos os preguiçosos ali são punidos e precisam dar exemplos contundentes de solicitude. As três últimas cornijas purgam a avareza e a prodigalidade, bem como a gula e a luxúria. Enquanto aqueles ficaram deitados de bruços, amarrados; os gulosos sofrem de sede e fome, e os concupiscentes são obrigados a andar sobre o fogo.
Quando atravessam a última cornija, Dante e Virgílio passam por uma parede de fogo e tem suas almas purificadas. Neste momento os companheiros de viagem se despedem com grande emoção… Virgílio não tem autorização para prosseguir e entrar no Paraíso Terrestre. Dante então deve entrar nos rios Lete e Eunoé para estar apto a continuar sua jornada e finalmente encontrar sua amada Beatriz que será sua próxima guia.

Contato: medievalissimo@gmail.com
- Texto: Lili Gilli
- Edição de Áudio: Bruno Rosa
- Capa: Bruno Rosa
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