Doramundo | Clio Indica

Você já esteve na Vila de “Cordilheira”? Eu estive. Pelo menos 5 vezes só neste ano. Cordilheira é uma vila completamente diferente de qualquer outra no Brasil. Um pedaço da Inglaterra em terras tupinambás, com suas casas geminadas de madeira, vielas sanitárias, linhas de trem e névoa que hora vem e hora vai, mostrando e resguardando a cidade. Cidade operária, construída para dar suporte e ser o centro de controle de uma operação ferroviária muito peculiar, a descuidada e subida da serra do mar. Cordilheira é o pseudônimo para a vila de Paranapiacaba. Vila construída pela “São Paulo Railway” para ser a moradia dos funcionários que trabalhavam no incrível sistema Funicular, que permitia aos vagões de carga e passageiros, descerem e subirem a inclinação da serra do mar em São Paulo ligando a cidade de Santos, no litoral, a Jundiaí.

Na vila Paranapiacaba fora gravado o filme “Doramundo”, lançado no Rio de Janeiro em 8 de março de 1978. Dirigido por João Batista de Andrade e roteirizado por Vladimir Herzorg, João Silvério Trevisan e Fresnot Alain David. Doramundo, conta a história de um drama policial que ocorre em 1939, na cidade de “Cordilheira”. Corpos começam a aparecem em meio as estradas de ferro da companhia “Railroad” que, por sua vez, querendo evitar que comecem a serem noticiados e tragam prejuízos, envia o delegado Guizzot para resolver o caso. Com ajuda do assessor Flores, Guizzot investigas os operários para descobrir os criminosos e (ALERTA DE SPOILER!) chega a conclusão de se tratar de um caso de traição entre um esposa de operário e de um solteiro  do barracão dos solteiros. Porém, os assassinatos continuam e, para evitar mais atrito entre os Solteiros e as famílias da vila Flores, é providenciada a vinda de três prostitutas para a vila, que são hostilizadas e expulsas pelas mulheres do local. Por fim, o caso é encoberto por um jogo de Futebol que ocorre na vila.

O filme apresenta a rotina dos trabalhadores da ferrovia e faz muitas críticas sociais como, por exemplo, as relações de trabalho, jornadas excessivas, abuso do poder de autoridades e até mesmo fala de tortura, em plena ditadura militar. O filme recebeu censura para menores de 18 anos, porém ganhou vários prêmios, como o de Melhor Filme no festival de Gramado em 1978.

No filme, é retratado também, o funcionamento do sistema funicular de Paranapiacaba que possibilitou o acesso, por ferrovia, do interior de São Paulo ao litoral, assim facilitando e aumentando a escoação do café para o porto de Santos, e de lá para o mundo. Isso tudo possível pela tração feita por cabos que se estendiam ao longo do trecho de serra utilizando 4 patamares, para a troca dos cabos, e de locomotivas especiais chamadas de Locobreques que agarravam os cabos para a subida e descida.

Para mais informações, clique aqui. E, se tiver interesse em assistir o filme, ele está disponível gratuitamente, no youtube. É só clicar aqui.


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