
Em 1906, a Finlândia se torna o primeiro país europeu a garantir o voto para mulheres. Antes disso, Nova Zelândia e Austrália se tornam as primeiras experiências de países a conceder voto a mulheres.
Assim como Nova Zelândia e Austrália, a Finlândia tinha autonomia política relativa. Após o longo processo em que a Finlândia foi colônia da Suécia (entre o século XIII e XIX), a Guerra Finlandesa entre Rússia e Finlândia mudou esse status, colocando o país sob o jugo russo.
Começam a surgir, também, debates socialistas entre os finlandeses (assim como entre os russos), que levam a uma greve geral em 1905 com a reivindicação de uma nova forma de organização da assembleia deliberativa (Diet, que havia mantido o seu formato da era sueca). A reivindicação era de sufrágio para os finlandeses, com liberdade de voto e candidatura.
Assim como na Austrália, em alguns momentos da história da Finlândia houve liberdade de voto para as mulheres em algumas regiões, mas não de forma universal e com grande resistência. Apenas em 1906, com o acordo entre as facções políticas (liberais, conservadores, nacionalistas), a Finlândia se tornaria o primeiro país do mundo a conceder sufrágio universal a seus cidadãos sem distinção racial. A Finlândia se torna o primeiro país europeu a permitir a candidatura e votação – independente de gênero, raça ou etnia.
Apesar de significativa, essa vitória foi apenas protocolar. O tsar da Russia ainda detinha o poder de veto sobre as leis aprovadas no parlamento Finlandês. Entre socialistas e liberais radicais o desejo por independência aumenta, mas só se concretiza após 1917. O caso da Finlândia, Nova Zelândia e Austrália demonstram como o processo de democratização foi extremamente importante para que países de periferia geográfica tenham sido os primeiros a concretizarem o direito feminino ao voto.
Apesar dos casos de Noruega e Dinamarca (após a Finlândia), a Rússia foi o primeiro país soberano a conceder sufrágio universal independente de gênero, raça ou etnia. Em 1917, com o fim do sistema monárquico tsarista e início da Revolução e implementação do regime socialista, Rússia (agora União Soviética) e suas colônias adquirem o direito ao voto universal.
Indicações de leitura:
Korppi‐Tommola, Aura. (1990) Fighting together for freedom: Nationalism, socialism, feminism, and women’s suffrage in Finland 1906. Scandinavian Journal of History, 15:1-2, 181-191, DOI: 10.1080/03468759008579196
Oldfield, Audrey. Woman suffrage in Australia: a gift or a struggle? Audrey Oldfield. – (Studies in Australian history
Ramirez, Francisco O., et al. “The Changing Logic of Political Citizenship: Cross-National Acquisition of Women’s Suffrage Rights, 1890 to 1990.” American Sociological Review, vol. 62, no. 5, 1997, pp. 735–745. JSTOR, www.jstor.org/stable/2657357.
Sulkunen, Irma. “An International Comparison of Women’s Suffrage: The Cases of Finland and New Zealand in the Late Nineteenth and Early Twentieth Century.” Journal of Women’s History, vol. 27 no. 4, 2015, p. 88-111. Project MUSE, doi:10.1353/jowh.2015.0040.
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