Gregório VII

O reformador benevolente


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Nascido Ildebrando de Soana aproximadamente em 1015, a data precisa é incerta, na cidade toscana de Sovana, é de origem pobre e afastada de qualquer nobreza, segundo consta Ildebrando seria filho de um ferreiro. Somente essa origem já poderia nos mostra o quão diferenciado era Gregório VII, nome que Ildebrando adotou após a sua eleição no conclave papal de 1073, a primeira eleição papal nos moldes que conhecemos hoje, e que praticamente se mantém inalterada.

Miniatura do papa Gregório VII. Retirado do manuscrito Vita Gregorii VII, Paulo de Bernried, Heiligenkreuz, Stiftsbibliothek, Cod. 12, fol. 181v.

Gregório VII apesar de não ser cistercense, um fato que tanto seus biógrafos quanto historiadores apontaram durante anos e que se provou um erro, adotou diversas medidas dessa ordem. A dita Reforma Gregoriana – é preciso nos lembrar que apesar de ter tido um papel muito importante na reforma católica da Idade Média Central Gregório não foi seu idealizador ou seu finalizador atuando mais como uma figura central e predominante – foi uma tentativa de restablecer valores do cristianismo primitivo, por isso que Ildebrando era tão veemente contra a simonia – a venda de relíquias sagradas e de postos dentro da Igreja – e a favor do celibato, muito por conta da doutrina contida nas Epístolas de Paulo. Cabe ressaltar que é com Gregório que o celibato passa a ser quase uma obrigação para os membros ordenados do clero.

E um dos pontos chave dessa reforma era justamente o caráter independentista da Igreja, ou seja, a Igreja não poderia e não deveria ser controlada por poderes externos a ela, principalmente ser independente da influência do imperador do Sacro-Império Romano Germânico.

Esse é um ponto nevrálgico na vida de Gregório, afinal ele foi um reformador rigoroso e profundamente energético, para ele a Igreja precisava ter o poder secular e temporal para si, e ainda ungir os reis cristãos. E isso entrava em choque com o Império, que havia adotado a investidura leiga desde a sua incepção. E o que é a investidura leiga? É o ato do monarca investir os bispos e outras autoridades eclesiásticas em seu território – que remota desde à época de Teodósio e o Édito de Tessalônica, que instituiu o cristianismo como religião oficial do Império Romano e garante que os cargos eclesiásticos passassem para a administração imperial, sendo aqui uma das raízes do cesaropapismo.

Gregório queria uma igreja mais independente e que se autogovernasse e com isso o colocou em rota de colisão com Henrique IV, imperador romano-germânico, rei da itália e dos romanos. A Questão das Investiduras, também conhecida como Querela das Investiduras, teve seu auge no choque entre Gregório e Henrique disputando a quem deveria o poder de investir bispos e outros membros do clero e com isso dominar politicamente uma região.

Miniatura datada do século XII mostrando Hugo de Cluny, Henrique IV e Matilde de Canossa durante a peregrinação de Henrique em busca do perdão de Gregório VII

O papa e o imperador quase levaram o Sacro-Império Romano-Germânico a uma guerra civil, havendo uma série de ataques e contra-ataques de ambos os lados, como quando Gregório excomunga Henrique e levanta um interdito – a suspensão de todos os ritos católicos em determinada região – no império, o que leva Henrique a penitência em Canossa, onde com o auxílio de Matilde de Canossa – que tem um Medievalíssimo Drops pra chamar de seu – eles chegam a paz ouça clicando aqui.

Paz essa que não foi duradoura porque em  março de 1084 Henrique cruza os Apeninos e entra em Roma, obrigando Gregório a se exilar em Ravenna, onde terminaria seu papado. É bom lembrar ainda que Henrique tenta emplacar o antipapa Clemente III, de origem alemã e investido por ele, porém nenhuma monarca europeu e a Igreja o aceitam e continuam seguindo Gregório.

Roma seria libertada por conta do auxílio dos normandos, aliados de Gregório, mas ele iria acabar por não retornar à cidade e fixar sua residência primeiro em Monte Cassino e depois em Salerno, onde ele morreria perto do mar no dia 25 de maio de 1085. Três dias antes de morrer ele ainda levantou todas as excomunhões que ele havia administrado, com exceção de seus dois maiores inimigos: Henrique IV e o antipapa Clemente III.


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  • Texto: Bruno Rosa
  • Edição de Áudio: Bruno Rosa
  • Capa: Bruno Rosa

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