Era Uma Vez Duas Tchetchênias

A Tchetchênia tem sido, desde a queda da União Soviética, um dos grandes problemas internos e diplomáticos dentro da Rússia, ainda mais durante os 20 anos de Putin como líder da nação. O pequeno território no Cáucaso do Sul já foi palco de duas guerras sangrentas e constantemente os ventos de autonomia e independência chacolham a região, que por sinal é um verdadeiro pavio de pólvora cujo rastelo está sempre pronto para ignição.

Em Crianças de Grozni: Um retrato dos órfãos da Tchetchênia a jornalista norueguesa Asne Seierstad faz um retrato cru e sem rodeios sobre a região durante a Primeira Guerra da Tchetchênia (1994-1996) e após a Segunda Guerra da Tchetchênia (1999-2009), se focando principalmente nos milhares de crianças que ficaram órfãs devido ao conflito.

Seierstad, conhecida por obras como O Livreiro de Cabul e Um de Nós, faz um misto de micro-história com memória ao recontar, a partir de sua própria vivência, as experiências dessas crianças no Cáucaso do Sul, sempre destacando as diferenças culturais, sociais, políticas e religiosas que existem na região com Moscou, porém sem nenhum olhar de orientalismo.

Não é um livro fácil, ou aprazível de ser lido, durante a leitura em diversos momentos eu pensei em deixar de lado por motivos de não saber lidar com os relatos que estava lendo, com a crueldade estúpida que nós, seres humanos, somos capazes de infringir uns aos outros, ainda mais naturalizando esses atos com a justificativa que se trata de guerra e na guerra tudo é perdoado.

Recomendado para aqueles que gostam de grandes histórias sem o viés piegas, tão comum no jornalismo que cobre a guerra e o pós-guerra, e que ainda se espantam com o fato desses horrores ocorreram em pleno século 20.

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FICHA TÉCNICA

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