Persuasão (Jane Austen) | Clio Indica

Romance sim!

Nesta aquarela Jane Austen é retratada por sua irmã Cassandra, 1804.

Detentora de grande relevância histórico-literária, a autora Jane Austen (1775-1817) é considerada uma das maiores romancistas do século XIX. Foco de muitos estudos acadêmicos e lida no mundo inteiro, Austen viveu em um contexto histórico bastante conturbado. A Grã-Bretanha passava por profundas transformações socioeconômicas nas quais estão inseridas o início da Revolução Industrial, e as consequentes transformações na organização agrária com os cercamentos. Outro ponto que aparece como pano de fundo de suas obras, são as Guerras Napoleônicas e como elas auxiliaram de certa maneira para modificar a organização social.

Com um estilo leve e irônico, Jane Austen buscava retratar em seus livros a pequena nobreza inglesa ligada ao campo e como ela começava a ser invadida pela presença cada vez mais constate de pessoas ligadas ao exército e a marinha. Além disso, em seus romances, pode-se sempre encontrar personagens caricatos que demostram, muitas vezes, a mesquinhez e o preconceito de uma sociedade que se mostrava polida apenas por fora. Por retratar de forma tão perceptível a realidade em que vivia, suas obras são verdadeiros documentos históricos que podem dar ao historiador ferramentas para compreender fragmentos desse mundo.

Primeiro frontispício da Persuasão publicado em conjunto com A Abadia de Northanger em 1818.

O romance “Persuasão” é um ótimo exemplo disso. Escrito por volta de 1816, é o último produzido pela autora e publicado postumamente por seu irmão em 1818. Mais curto do que os outros livros, a narrativa se inicia contando a história de uma heroína madura para os padrões da época. Anne Elliot, com seus 27 anos, vê-se obrigada a deixar a casa na qual passou toda a sua vida, devido aos gastos excessivos de seu vaidoso pai, o baronete Sir Walter Elliot. Este que apenas está interessado nas aparências e na manutenção de suas regalias, só pensa em seu bem-estar e no da Srta. Elizabeth Elliot, sua filha mais velha que é tão frívola quanto ele.

A trama se desenrola e o capitão Wentworth é apresentado como “um jovem notável, bastante inteligente, espirituoso e carismático” e grande amor de Anne. Eles se tornaram noivos sete anos antes, mas a heroína logo foi persuadida por sua família e principalmente pela amiga, Lady Russel, para qual Anne dedicava um amor filial, encerrar seu compromisso pois considerava a aliança degradante e desastrosa.

A partir daí, Anne tem sua vida modicada, sendo obrigada a ir morar em uma cidade a qual não tem o mínimo de apresso. Antes de ir viver em Bath, no entanto, ela passará uma temporada com a irmã mais nova e casada Mary em Uppercross, vilarejo a próximo a terras de sua família. Ali ela reencontrará seu adorado capitão Wentworth, que lhe dedicará uma recepção fria e indiferente.

“Persuasão” é uma obra que discute de forma elegante problemas sociais muito presentes no começo do século XIX. Deve-se lembrar que as ideias de igualdade político-social estavam sendo divulgadas a pouquíssimo tempo, e Austen mesmo vivendo em um mundo bastante conservador, descreve de maneira sensível como a mobilidade de classe é um traço de progresso, quando destaca de maneira tão contundente as virtudes de homens que se tornaram ricos, prósperos e poderosos por meio de seu esforço. Quando se observa como o capitão Wentworth tem um caráter mais digno do que Sir Walter, e como este enriquece enquanto aquele afunda em vaidade e dívidas, pode-se ver como a autora corrobora essa nova visão de mundo onde existe mais mobilidade social.

Outro ponto importante que mostra ao leitor atento como Austen tinha uma visão progressista está associado ao papel feminino na sociedade daquele momento. Ela defende a necessidade de oferecer estudo e erudição uma vez que somente a educação poderia fornecer ao ser humano as armas necessárias para que este não seja corrompido pela sociedade, fazendo com que esta possa ser sanada de seus vícios. Anne Elliot representa dessa maneira, a mulher que possui ótimo caráter devido, entre outros fatores, a sua instrução. Uma visão bastante iluminista de mundo…

Além de “Persuasão”, Jane Austen é autora de “Razão e Sensibilidade” (1808), “Orgulho e Preconceito” (1813), “Emma” (1814), “Mansfield Park” (1815) e “Abadia de Northanger” (1818), mas esses são para outro dia!      

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