Uma resenha de Apologia da Historia ou Ofício do Historiador, Marc Bloch

Para um estudante de Historia, não há possibilidade alguma de não ler este livro em sua formação. É como se fosse a “Bíblia” do historiador, ajudando o a compreender os grandes e complexos aspectos da historia e de seu fazer, mostrando-se rico e admirável, ate mesmo para leigos. Fazendo com que o leitor se questione a todo o momento, levando as idéias além de uma única vertente, e de forma mais ampla. Construindo, e em seguida, desconstruindo problemas.
Sua publicação foi póstuma. Marc Bloch morreu 1944, e essa obra só foi publicada em 1949, por seu colega, também historiador e francês, Lucien Febvre, seu parceiro no relevante movimento da Revista dos Annales em 1929. O livro passa por uma re-publicação, mas há frente, com uma versão feita por seu filho, com um apanhado de anotações de rodapé, e um prefacio. Esclarecendo e discutindo argumentos, feito por outro colega francês e historiador e membro dos Annales, Jacques Le Goff. E se divide em cinco capítulos, porém, começando com uma introdução esclarecedora.
Bloch começa sua introdução defendendo a necessidade e importância das perguntas, e ai que o historiador aparece, porque se bem feitas, de forma diversas, não para apresentar uma resposta de fato, mas para se tornam uma das ferramentas principais para se construir historia. Indaga, que, os gregos e sua mitologia, ou ate mesmo, os cristãos e suas crenças, se preocupavam em manter suas memórias. E que com o tempo manter essas memórias é escolha do historiador. E que antes de “servir” ela “entretém”, que a escolha do historiador por seu oficio vem por gosto, curiosidade, e ate mesmo prazer pelo pragmático, antes do currículo e do cientifico.
Destaca que essa ciência muitas vezes era desmerecida, por ser indeterminada, abrangente, e por dialogar constantemente com outras ciências, mas assim que deve ser. O Positivismo teve suas contribuições, porém, que o fazer Historia deve-se descolar do conservador absoluto, de um padrão pautado em acontecimentos sequenciais, sem criticas e rupturas. E de forma breve, termina a introdução, esclarecendo o pra que, porque, e como fazer historia e de ter escrito seu livro.
Primeiro capítulo: A história, os homens e o tempo
Explica a construção e a relação entre a idade, a memória e o humano. Esclarece que a palavra História através, de aproximadamente de dois milênios, sempre foi mutua, e nunca teve o mesmo significa. Defende que o elo entre um acontecimento e outro, vai além da proximidade temporal entre eles. Mostra a tenuidade entre dividir o que cabe a historia ou as outras ciências, para não haver equívocos. A ciência não é só humana, mas sim também dos acontecimentos que o tempo propõe, e que, o pensamento do historiador tem que ir além do “humano”. O passado e presente pode ser “relativo”, a partir do momento em que causas e acontecimento se “repetem” através de séculos.

Segundo capítulo: A observação histórica
Constatação, relato, investigador. Ele afirma que não é propriamente historiador que vai constatar os fatos que estuda. Que o historiador é o sujeito ausente da cena do ato, por isso, cria a constatação a partir do relato dos sujeitos presentes ou coligados a cena. Ou até mesmo até que ponto se fazer presente é favorável, é preciso constatar de fora. Defende que o passado é imutável, porém, o modo em que olhamos pra ele é mudado constantemente.
Terceiro capítulo: A crítica
Diz que não se deve acreditar em tudo que diz as testemunhas orais, e que qualquer vestígio pode ser modificado. E assim fazendo a historia investigar a legitimidade, indo além, do falso ao falsário, mesmo na falta de verdade em documento autênticos.
Quarto capítulo: A análise histórica
Mostra que a “imparcialidade” do Juiz e bem diferente da de um cientista, porque o Juiz faz uma escolha no final, enquanto, a “verdade” do cientista “já está pronta”. E o que se diz “expressão da sociedade”, por sua vez, acaba comprimindo, e distorcendo a mesma. Para “definir” uma sociedade e preciso de uma nomenclatura, e fazer uma distinção minuciosa muitas vezes rotulada e desviada da realidade, gerando problemas anacrônicos.
Quinto, último e incompleto capítulo
É a junção de anedotas. Criticando o positivismo, conclui que o historiador tem que procurar um porque, e ele vem de dentro, de maneira instintiva, e não tem como persuadi-lo. E que mesmo os acontecimentos mais “simples”, contém vários aspectos determinantes. E a modificação de qualquer um que fosse, ocasionaria uma diferença. E o erro não se encontra na explicação, mas em sua decorrência. Por fim, as causas da historia são pré-determinadas, e sim a escolha e a procura do que se fez restar.
O fim
Apologia da Historia (ou o ofício do historiador) é um livro amplo e critico, detalhado em explicações, ações, e nomes, exemplificando o que é historia, e de como se fazer. Ajuda desde de construir uma esquematização até construir uma ideia, porém, construindo e desconstruindo conceitos a cada parágrafo. Escrito de uma forma direta, esclarecedora, brilhante, e de se perceber tamanho orgulho, preocupação, e amor por seu ofício por parte do autor. Que intriga, confunde, e nos faz querer continuar, não só ler, a seguir e questionar. Não só ensina como inspira a todos que lê, principalmente futuros historiadores.

FICHA TÉCNICA
Nome: Apologia da História, ou o Ofício do Historiador
Autor: Marc Bloch
Editora: Zahar
Páginas: 160
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