RR#42 A família Manzoni, Natália Ginzburg

Sobre a Autora

Natalia é uma escritora importante na/da Itália, é formada pela Universidade de Torino (1935). Ela nasceu em Palermo, em 1916, e viveu na pele a ditadura de Mussolini e a Segunda Guerra Mundial, com a ofensiva nazista na Itália. Seu pai, Giuseppe Levi, era professor universitário de anatomia, e ela mesma era ateia. “A casa dos Levi tornou-se ponto de encontro de muitos intelectuais que se opunham a Benito Mussolini. “… meu pai era um socialista à moda antiga, mas, bem, ele não tinha ideia de como se opor ao fascismo”, disse Ginzburg numa entrevista posterior. Depois que seu irmão Mario fugiu para a Suíça, seu pai ficou preso por algumas semanas” (site https://natalia-ginzburg.blogspot.com/). Ela se casou com Leone Ginzburg e teve três filhos, entre os quais o famoso historiador e ensaísta Carlo Ginzburg. Desde a sua família até a sua nova constituição familiar havia uma posição antifascista, sendo eles ligados ao Partido Comunista da Itália. Seu esposo e ela são exilados por anos, sendo Leone torturado até a morte nos anos 1940. Ela se casa novamente. Ginzburg foi eleita para o Parlamento italiano em 1983 como deputada independente de esquerda. Ela publicou memórias, diversos dramas, ensaios, traduções de autores como Marcel Proust e Flaubert, e uma biografia do poeta e ensaísta Alessandro Manzoni, que revela o fracasso do grande autor como pai. Hoje, há uma biblioteca com o nome de Natalia e ruas e canteiros na Itália em sua homenagem. Ela faleceu em 1991, de câncer.

Sobre o livro

ele é em formato padrão, mede 21 x 14 x 3.2 cm, tem as folhas em papel pólen soft e são levemente amareladas. A fonte é agradável para leitura. Tem a capa, orelhas com informações sobre a obra e a autora. A diagramação toda está muito boa, o livro contém várias páginas com imagens (fotografias e pinturas) das personagens da obra. Há um sumário com Introdução, Primeira parte, com quatro capítulos, Segunda Parte, com quatro capítulos, Referências e Créditos das imagens.

Resenha

Se você gosta de saber do cotidiano das famílias no passado, essa será uma ótima oportunidade. Mas, também, você precisa ter fôlego de leitura, porque A família Manzoni é uma obra extensa. Como já descrito são umas 490 páginas totais, fora um pequeno álbum de fotografias compilado pela autora para que adentremos à obra já com esse clima e familiaridade com a época. Nesse sentido, é muito legal a escolha da autora ou editora porque em geral há uma tendência em espalhar as fotografias pelo livro ou fazer seções de imagens entre os capítulos, ou ainda deixar as fotos para o final. Fica com cara de apêndice para o final. Então, a ideia é que nós tenhamos ali uma conexão com os capítulos que vão vir. Dividido em duas partes, cada capítulo tem o nome de uma pessoa dos Manzoni e as duas partes tem uma marcação cronológica que vai desde o final do século 18 até inícios do século 20. Como pode observar, é uma história de longa duração.

As fontes primordiais são as trocas de cartas entre membros da família entre si e com amigos e amigas. É possível a gente entender como poderia viver uma família aristocrática na itália nesse período, bem como conjecturar aspectos da alimentação, saúde, doença, o que era lazer, como organizavam os estudos, como havia uma prole extensa em várias das famílias que se formavam, a partir dos filhos do casamento Manzoni principalmente. É possível percebermos, também, como heranças e rendas vão se dispersando e a terceira geração dos Manzoni já terá mais empobrecimento do que as glórias da época do casamento dos avós.

Retrato de Alessandro Manzoni. casadelmanzoni.it

Inclusive, uma curiosidade: o Cesare Beccaria era o avô de Alessandro Manzoni, nosso protagonista escritor, poeta, político e etc, o que fazia dele um tipo muito bem visto socialmente.

Por aqui a leitura não foi enfadonha, mas com paradas estratégicas para respiros foi importante para terminá-la. A escrita de Natalia é espetacular e suas entradas no texto são pontuais e mais orientativas à pessoa leitora, dando detalhes que conseguia com o cruzamento das fontes que tinha. É uma obra de fôlego que consagra a autora como uma autora brilhante.