#16 Ficha da Luta  Ensinando a transgredir. A educação como prática da liberdade. bell hooks.

Sobre a Autora 

bell hooks foi autora, teórica, educadora, crítica social americana e professora titular em residência no Berea College. Ela era mais conhecida por seus escritos sobre raça, feminismo e classe. Publicou cerca de 30 livros com vários sendo publicados/traduzidos para português

“Para educar para a liberdade, portanto, temos que desafiar e mudar o modo como todos pensam sobre os processos pedagógicos. Isso vale especialmente para os alunos.”

p.193

Sobre o Livro

 o livro tem um formato padrão e tem folhas de edição econômica. A fonte é muito agradável para leitura. Tem a capa, orelhas quase do tamanho da capa da obra com informações sobre outras obras da editora de um lado e, do outro, traz um trecho da introdução. Além disso, há um sumário, apresentação, 14 capítulos e um índice remissivo. 

“O impulso de experimentar práticas pedagógicas pode não ser bem recebido por alunos que frequentemente esperam que ensinemos da maneira com que eles estão acostumados.”

p.191

Resenha sobre a obra

Eu tardei um tempo, diria muitos meses, para concluir a leitura da obra. A vida, a demanda que a própria obra requeria de mim, de reflexão e de observar as minhas práticas profissionais, me deixaram alargar o tempo de leitura e de sua conclusão. Avalio que isso se deu, em boa parte, porque me reconhecia em tantas partes no que a bell hooks trazia, e não alcançaria jamais outras partes do que ela conseguia fazer e chegar a pensar, que a leitura foi um aprendizado intenso, sobre mim.

“[…] entrei em sala de aula convicta de que tanto eu quanto todos os alunos tínhamos de ser participantes ativos, não consumidores passivos.”

p.26

Confesso que fui revisitar um pouco as marcações que fiz no livro e percebi que após o capítulo 10, que traz um diálogo seu com o filósofo Scapp, não encontrei mais algo que me tocasse. Não vou recordar o porquê. Mas, o fato é que o li inteiro e tenho muitos e muitos trechos que são pontos de inflexão e reflexão. muitas vezes, eu poderia ler como uma amiga me contando coisas com as quais eu não sabia que tinha vivido como eu, que pensava como eu. Eram momentos muito bons, porque imagina você ler uma intelectual muito conceituada, que escreve de maneira muito acessível, tendo coisas em comum com você! É muito bom. 

“Não é fácil dar nome à nossa dor, teorizar a partir desse lugar”

p. 103

Eu não estou segura de que se você não tem uma perspectiva de vida muito próxima a educação, se gostará desta obra. realmente eu não sei. talvez, não. Mas, em caso positivo, recomendo vivamente que tenha a experiência. A obra mostra não apenas vitórias, mas processos e dificuldades na lida cotidiana em sala de aula no sentido de fazer a diferença. Ainda que o sistema educacional não orbite em favor de uma formação transformadora, que dê condições à classe trabalhadora para se colocar em seu lugar de maioria e tudo mais, ela pondera como consegue ter um papel de aprendiz e de professora diante dos desafios que se impõem à ela. 

“É certo que os professores que tentam institucionalizar práticas pedagógicas mais progressistas correm o risco de ser alvo de críticas que buscam desacreditá-los”

p.189

Ela tem muitas inspirações. Mas, não posso deixar de mencionar como é positivo que Paulo Freire seja seu aliado intelectual do início ao final da obra. Ele é um interlocutor constante e no desenvolvimento do livro, conforme cada questão que ela encadeia, sobretudo sobre classe, gênero e raça nos espaços em que lecionou, o educador brasileiro está presente como um norte, como um mentor constante para ajudá-la nas reflexões e soluções que desenvolve na prática.

A escrita deste livro é ensaística, então, você terá uma leitura muito tranquila, leve, sem formato muito academicista. O ensinamento, as reflexões potenciais da obra estão ligadas a uma educação inclusiva, democrática, antirracista e por uma pedagogia que dê autonomia.

“É certo que os professores que tentam institucionalizar práticas pedagógicas mais progressistas correm o risco de ser alvo de críticas que buscam desacreditá-los”

p.189

Referência:

hooks, bell. Ensinando a transgredir. A educação como prática da liberdade. 2 ed. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2017. 283p.

“A sala de aula não é um lugar para estrelas; é um lugar para aprendizado.”

p. 216

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