
Sobre a autoria
Jeferson Tenório é um escritor, professor e pesquisador carioca radicado em Porto Alegre. Iniciou a carreira de escritor com o romance O beijo na parede, publicado em 2013 e eleito Livro do Ano pela Associação Gaúcha de Escritores. Em 2021, ganhou o prêmio jabuti pela obra O avesso da pele (2020). Ao total, ele escreveu quatro obras literárias, além de participações em antologias e ter recebido diversas premiações e menções honrosas.
O livro tem um formato padrão e papel pólen com uma diagramação e fonte bem agradáveis para a leitura. Ele tem 23 x 14.6 e 207 páginas. É uma edição de 2024 e está em sua 1ª reimpressão. Possui um sumário com quatro títulos e agradecimentos.

De onde vêm os versos? De onde eles vêm? Talvez viessem de todos os lugares. De todas as partes do meu corpo. De todo o barulho ao meu redor. De todas as vozes que li. Do coração silencioso de minha mãe. Da sujeira e da degradação do mundo.
(p. 55)
Resenha
Esta é a segunda obra de Tenório que leio, a primeira foi O avesso da pele, cuja resenha está disponível no nosso podcast. Ele e o José Falero me ajudam a reconhecer uma Porto Alegre bem diferente. Gosto bastante disso. Ambos conseguem nos agarrar em suas narrativas, seus argumentos e adentramos nas histórias que contam.
Não é possível. Há de haver algo bonito nisso tudo. Não era possível que a síntese de minha vida fosse um ônibus lotado em meio a um calor insuportável de verão.
(p. 35)
O livro recente de Tenório ainda está no mesmo macro tema: educação, racismo, desigualdade social, ou seja, segue nos envolvendo e nos fazendo perspectivar sobre as bases sociais e políticas do sistema ultracapitalista no qual vivemos. Joaquim certamente vai te comover. Ele está nos contando sua memória, ao mesmo tempo, fazendo uma psicanálise e sendo um jovem que vive entre a indignação que o acesso ao conhecimento pode lhe dar e o acomodamento, que pode ser sua forma de resistência.
A verdade é que éramos negros e estávamos todos fodidos, cumprindo nossa sentença de ter uma vida fodida. Porque, lá de onde a gente vinha, era dessa forma que as coisas eram, eu pensava.
(p.177)
Como professora universitária, ainda que me esforce para ser cooperativa nas questões diversas que afrontam minhas alunas e alunos, sei que, após ler a obra, ainda estou longe de entender. Como contou Joaquim, “a dor e o peso de viver estavam repousados em mim” (p.192). Entre essas e outras frases marcantes, recomendo que jovens e não tão jovens tenham contato com a trajetória desse jovem homem preto pois, através do enredo, percebemos como as questões étnico-raciais precisam ser pensadas, debatidas, gritadas e, também, reverberadas na literatura. Assim quereria Joaquim, assim…
E, olhando para todos ao meu redor, naquele momento entendi que de certo modo a minha luta era defender o meu direito à alegria.
(p.191)

Para saber mais
Rede social do autor: @jeferson.tenorio.9
Referência
Tenório, Jeferson. De onde eles vêm. 1. edição. São Paulo: Cia das Letras, 2024.
