Ficha da obra: Varella, Antonio Drauzio. Prisioneiras [recurso eletrônico]. São Paulo: Ed. Cia das Letras, 2017. 7.1 MB.

Sobre o autor: Drauzio Varella quase dispensa apresentações. Ele tem uma carreira sólida e pública como cientista, médico, oncologista, mas sobretudo é reconhecido pelos serviços médicos prestados às penitenciárias, em São Paulo e como escritor. É paulista e tem 80 anos de idade.
Sobre o livro: ele é um e-book, possui 7.1 MB e seu modo de acesso é a world wide web.Tem 09 capítulos, e antecede uma apresentação feita por Drauzio e um epílogo fecha a obra. É uma boa diagramação.

Fichamento sobre a obra:
O autor não é um cientista político, mas um médico com grande prática profissional junto à população encarcerada em São Paulo. Por esse perfil, menos elitista que o senso comum da classe médica a que faz parte, Drauzio Varella consegue ser um prático no que tange a uma etnografia das prisões do Brasil, sobretudo a partir de uma cidade que abarca um percentual significativo de pessoas nesta situação.
Esta obra foi escrita por um homem, cientista e humanista de 80 anos. Há em seus escritos vários sinais de pouca aproximação com literaturas/teorias feministas. Mas a obra não se propõe a fazer estas interligações e sim ser uma espécie de relato de experiência com algumas reflexões informais que perpassam várias conclusões ao longo do livro. Várias análises que ele aponta são muito importantes e escritas de maneira acessível ao grande público. Isso tem suas vantagens.
Prisioneiras traz diversos ângulos sobre a realidade de mulheres encarceradas, incluindo a solidão como uma das principais consequências da vida dessas mulheres. Há um esquecimento proposital, estigma de vergonha, um peso de moralidade sobre suas existências que não é notado sobre os homens aprisionados, em contrapartida.
Toda a discussão essencial de Angela Davis, de Beatriz do Nascimento entre outras intelectuais negras está presente cruzando todos os exemplos e histórias que Drauzio Varella nos oferece nesta obra. Gênero, classe e raça é um tripé essencial para justificar e entender esse microcosmos das mulheres que têm suas liberdades cerceadas pelo estado.

A sociedade é capaz de encarar com alguma complacência a prisão de um parente homem, mas a da mulher envergonha a família inteira. (p. 37, kindle).
Do ponto de vista econômico, o crime organizado é um capitalismo com comando centralizado, em que o topo da hierarquia é 100% masculino. (p.285, kindle).
Visitas Íntimas: São poucas as mulheres que desfrutam desse privilégio. Na penitenciária o número de mulheres que recebe visitas íntimas oscila entre 180 e 200, menos de 10% da população da casa. (p. 37, kindle).
Drogas.
“Na penitenciária o número de usuárias ou ex-usuárias de crack reflete a prevalência do uso nas camadas mais baixas da população “. (p. 68, kindle)
“Muitas jovens que vão parar nas prisões São iniciadas no crack mal saídas da infância E chegam às sarjetas na época em que as de classe média ingressam no colegial”. (p. 68, kindle).
Para saber mais:
Insta do autor: @dr.drauzio_varella_
Insta de seu trabalho nas redes: @sitedrauziovarella
Bio do Autor e lista de obras: https://drauziovarella.uol.com.br/biografia/ A solidão das mulheres nas cadeias: https://www.instagram.com/p/C4RL-fdPmlI/